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Último Ciclo de Aclimatação e Altitude Recorde no Nepal

por Jaqueline Crestani



E esse céu?

O terceiro ciclo de aclimatação da expedição Everest teve um gostinho especial: o Henrique superou a maior altitude que ele tinha no currículo até agora. O “recorde” dele até então tinha sido o Aconcágua, que fica a 6.962 metros. Ao chegar ao acampamento 3, o objetivo desse ciclo, o grupo atingiu 7.200 metros.

A cara de faceirice no vídeo que ele fez ao chegar lá (deem uma olhadinha aqui embaixo!) revela a dimensão dessa conquista e o quanto o Henrique está feliz por estar prestes a escalar o Everest. Bom, mas antes que eu comece a falar sobre o quão legal é ver um amigo realizando um sonho, vamos voltar ao que interessa :P .


Chegada ao acampamento 2


O grupo saiu para o início do terceiro ciclo na madrugada de segunda, dia 30 de abril. A ideia era ir direto do campo base até o acampamento 2, onde os montanhistas pernoitaram durante todo o ciclo. A subida da cascata de gelo do Khumbu levou cerca de três horas. O Henrique destacou isso porque “foi muito mais rápido do que da outra vez, o que dá uma boa medida de como a aclimatação vem funcionando bem”, comemorou.


Neve e mais neve

Subindo a cascata de gelo

Durante a caminhada até o campo 2

Depois de passar por esse trecho complicado, eles descansaram meia hora, antes de seguir para o campo 2. Contudo, o início do trajeto após a cascata também não é lá dos mais fáceis. Há “passagens tecnicamente mais complicadas”, como ele explicou: “tem uma escada de cerca de 6 metros para atravessar e uns dois desníveis de 20 metros para subir com jumar (hanging points)”.

A continuação é composta por uma longa caminhada com declive suave, mas que dura em torno de três horas até o início do campo 2. No entanto, o acampamento do grupo foi montado na parte mais alta do local. O objetivo era ficar mais abrigado das avalanches e mais perto do início da trilha para o campo 3. E aí que foi a parte mais desgastante desse primeiro dia: “Estávamos muito cansados, levei quase duas horas da “entrada” do campo até as nossas barracas. Cheguei exausto, fazia tempo que não me sentia tão cansado”, contou.

Em função desse grande desgaste, o dia seguinte foi de descanso. De acordo com o relato do Henrique, o acampamento 2 é mais confortável que o 1 (lembram que ele contou que entrou neve na barraca?). O grupo se dividiu em duplas para dormir nas barracas e pode usufruir também da barraca “domo”, que serve de refeitório e local para passar o tempo. Ah, e ainda tinha a barraca “cozinha”, onde havia um estoque de alimentos e onde são preparadas as refeições. Por isso, o campo 2 é até chamado de “campo base avançado”.


Esse é o acampamento 2

A selfie não pode faltar, né?

Com relação ao acampamento em si, o Henrique contou que o maior problema desse terceiro ciclo foi a questão da água potável. “O campo fica a 6.400 metros, é muito frio e não existe água corrente. Por isso, a água para beber e cozinhar tem que ser coletada a partir do gelo”, descreveu.

Mas, acontece que essa é uma atividade muito exaustiva. Como tem muita gente na montanha, para minimizar os riscos, o gelo deve ser coletado longe dos acampamentos. “Além disso, essa água não pode ser bebida in natura, pois não possui sais. Por isso, é sempre acrescentado algum tipo de eletrólitos ou suco em pó. Como a logística é difícil, acabamos repetindo os sabores, o que se torna bem enjoativo!”.

Escalada da parede do Lhotse



Fotos do dia em que foram até o pé da parede do Lhotse

Os brasileiros!

No terceiro dia, o grupo decidiu adiar os planos de subir a parede do Lhotse e foi apenas até o pé da parede. No quarto dia do ciclo, eles saíram às 5h30 para chegar ao acampamento 3. Em duas horas chegaram ao pé da parede, uma hora mais rápido do que no dia anterior. “Até esse momento, estávamos na sombra e ainda fazia bastante frio, por isso optamos por sair do acampamento com os 'down suits'”, disse. Parêntesis: os “down suits” são aqueles macacões ~maravilhosos~ grandões e coloridos usados pelos escaladores no frio.

Então – com os seus macacões coloridos – os montanhistas começaram a subir a parede do Lhotse às 8h. “Por termos começado cedo, não pegamos 'trânsito' de pessoas na nossa frente, o que permitiu uma escala fluida”, nas palavras do Henrique. Cerca de 5h30min depois, ele chegou ao acampamento 3, a 7.200 metros de altitude. Por volta das 13h, o grupo iniciou o retorno ao acampamento, onde descansou o resto do dia.


Aí estão eles escalando a parede do Lhotse

Com os "down suits"

Lá em cima, descansado e passando calor!

No dia seguinte, o quinto dia do ciclo, Henrique e os companheiros de escalada voltaram ao acampamento base. Eles saíram às 6h do campo 2 e em torno das 11h chegaram ao destino.

A parede do Lhotse é considerada um dos pontos mais desafiadores da escalada do Everest. Mas, segundo o Henrique, o desafio foi menos difícil do que parecia: “Na verdade, a parte do Lhotse foi até mais fácil do que imaginávamos ao vê-la de longe. Definitivamente a parte mais complicada é a cascata de gelo”.

Ele disse ainda que, com boa técnica, a parede pode ser vencida sem muito desgaste. Mas, admitiu que dá um certo frio na barriga: “Estar pendurado em uma parede de gelo a 7 mil metros de altitude não é a sensação mais agradável do mundo. Dá um pouco de medo que algo saia errado. Mas ao mesmo tempo, a adrenalina vai ao pico e nos emocionamos com o que está acontecendo”.

Esse terceiro ciclo de aclimatação foi também o último antes do ciclo de cume. O grupo encontra-se agora no acampamento base esperando uma janela de bom tempo para começar o tão esperado “ataque”. Mas, isso já é assunto para um próximo post!


Todos bem coloridos e protegidos do frio

Lembrando sempre que a expedição conta com o apoio do Sicredi, do CIEE-RS, da Botolli, da Arqsoft, da MG Serigrafia e da Cactus Ambiental. Ah, e vocês podem acompanhar essa aventura de pertinho nas das redes sociais do projeto Versus Eu Mesmo clicando aqui Facebook e Instagram. * Enquanto o Henrique estiver na montanha – e com acesso restrito à internet –, quem vai manter o blog atualizado e dar notícias por aqui serei eu! Para quem não me conhece, sou amiga de longa data do “dono” do blog e estou participando do projeto como jornalista (e fã, é claro!).

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