Everest 2018: Primeira Etapa
por Jaqueline Crestani

Na última semana, o Henrique e seus companheiros superaram a primeira etapa mais complicada da expedição. Durante o segundo ciclo de aclimatação, eles alcançaram 6.400 metros de altitude e ficaram três dias na montanha.
Ao contrário do que a gente costuma pensar quando se fala em “escalar o Everest”, a aventura é composta por vários ciclos de subida e descida. Isso significa que os montanhistas não vão subindo um pouquinho cada dia até chegar ao cume. Partindo sempre do campo base, eles fazem incursões de alguns dias na montanha. O objetivo é atingir uma altitude cada vez maior e ficar lá durante algumas horas para adaptar o organismo. Mas, depois eles voltam a descer até a base da expedição.


Para vocês entenderem melhor, nesse segundo ciclo, o objetivo era chegar até o acampamento 2 para fazer a aclimatação nos 6.400 metros de altitude. Para isso, o Henrique partiu do campo base até o campo 1 (5.950 metros), onde pernoitou. No dia seguinte, o grupo subiu até o acampamento 2, onde ficou algumas horas, e desceu novamente ao campo 1, onde descansaram e dormiram. No dia seguinte, eles voltaram ao Acampamento Base para repor as energias e esperar o tempo melhorar.
Segundo ciclo já é considerado um “cume” da expedição
Isso não significa, porém, que o desafio não foi grande. Em função da imensa dificuldade, na escalada até o pico do Everest (8.848 metros), cada etapa mais complexa da expedição é considerada um “cume”. Esse segundo ciclo foi, portanto, o primeiro cume da expedição.
“Como essa escalada é muito longa, demandando bastante tempo de aclimatação, dividimos a montanha mentalmente em cumes”, contou o Henrique por mensagem. Ele explicou que “focar apenas no objetivo final torna a aventura maçante, por isso cada meta alcançada é tão importante quanto atingir um pico”.
Para chegar ao acampamento 2, objetivo desse ciclo de aclimatação, os montanhistas brasileiros superaram trechos críticos da escalada. No primeiro dia, eles subiram a cascata de gelo do Khumbu e, depois de sete horas, alcançaram o campo 1 para repousar. “A primeira noite foi de muito vento. As rajadas chegavam a dobrar a barraca por cima da gente e jogavam neve para dentro”, contou.
No segundo dia, o grupo partiu rumo ao campo 2, cuja altitude é maior do que a do cume do Huayna Potosi, o famoso pico boliviano localizado na Cordilheira dos Andes. E não foi fácil: na subida há trechos com escadas horizontais e verticais colocadas para passagem das crevasses, as aberturas largas e profundas das geleiras. Aliás, o Henrique confirmou que é meio assustador olhar para baixo nessa hora! hehe


Brincadeiras à parte, ele explicou que “é um percurso que não tem apenas caminhada. Também tivemos que utilizar técnicas de ascensão vertical com equipamentos”. Apesar do sol forte e do vento gelado, os escaladores também superaram o Vale do Silêncio, um dos pontos mais arriscados da expedição.


No dia seguinte, ao voltar para o Acampamento Base, o Henrique avaliou o seu desempenho na primeira etapa como excelente. “Voltei confiante. De fato a parte mais difícil parece ser a cascata, como dizem. Embora sabemos que a parede do Lhotse também será um trecho complicado”.
Perguntei para o Henrique como ele está se sentindo e se a expedição está sendo como ele esperava. Ele respondeu o seguinte: “É uma experiência muito intensa. Não sei dizer se está sendo como eu esperava, mas estou me divertindo bastante!”. Bom, parece que ele está lidando bem com a ansiedade, né? :)



A expedição conta com o apoio do Sicredi, do CIEE-RS, da Botolli, da Arqsoft, da MG Serigrafia e da Cactus Ambiental. Ah, e vocês podem acompanhar essa aventura de pertinho nas das redes sociais do projeto Versus Eu Mesmo clicando aqui Facebook e Instagram. * Enquanto o Henrique estiver na montanha – e com acesso restrito à internet –, quem vai manter o blog atualizado e dar notícias por aqui serei eu! Para quem não me conhece, sou amiga de longa data do “dono” do blog e estou participando do projeto como jornalista (e fã, é claro!).