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Motivações

Tenho falado muito em preparação física.. Mas como disse no post sobre o ataque ao cume do Huyana Potosí (que você pode ler aqui: Dias 12 e 13: Mais que um cume, lições aprendidas!), algumas vezes nosso maior desafio é psicológico, é contra nós mesmos, contra aquela vontade de voltar a zona de conforto, de voltar ao conhecido... Contra aquela mania de acharmos que não somos capazes!

  Inicialmente não foi pelo montanhismo, mas por motivos diversos, que comecei a frequentar o psicólogo. Superado o preconceito inicial, tomei gosto. Precisava me conhecer mais, me entender melhor, para superar algumas manias, para, de maneira geral, ser uma pessoa melhor. Daí, no meio do caminho, surgiu o projeto Bolívia 2015, em que tudo isso ficou muito claro, tinha muito a conhecer sobre eu mesmo, e as sessões passaram a ser focadas nisso, me conhecer... 

   Mas tudo isso, é pra dizer que essas sessões tem me levado a pensar muito sobre o que me motiva, o que me move e me instiga a continuar, e a me propor coisas desafiadoras... Depois de muito pensar, resolvi tentar colocar isso no papel:


   Sempre pratiquei esportes, normalmente daqueles que envolvem competição, sejam em equipes ou individuais. E, como não poderia deixar de ser, sempre fui muito competitivo, e por consequência, tinha uma queda pelo reconhecimento dado aos vencedores. Ou seja, por um bom tempo queria fazer as coisas, e ser o melhor nelas, para que os outros vissem que(m) tinha conseguido. E admito que minhas primeiras incursões na montanha ainda eram motivadas pelo reconhecimento, pelo querer ser diferente, pelo querer ser "o cara". Mas, desde que voltei da Bolívia, com a experiência vivida lá somada a esse processo de autoconhecimento comecei a mudar minas prioridades. Estarei mentindo se disser que não gosto quando me perguntam sobre minhas viagens e aventuras, ou quando me chamam de "louco", no sentido de fazer coisas que poucos se propõem a fazer. Mas isso não é mais o que me motiva.

   Hoje me considero uma pessoa melhor. E aliado a isso, tenho percebido que minhas prioridades mudaram. O que os outros pensam deixou de ser primordial. Se gostarem, acharem legal, divertido, bizarro, doidice... tanto faz, o que faço, faço por que me sinto instigado a fazer, seja no meu dia a dia, ou naqueles momentos que chamo de "meus desafios". Vou a montanha, em ambientes inóspitos, porque os momentos de contemplação são maravilhosos, porque a sensação de liberdade sentida é maravilhosa, mas, mais do que tudo, apesar de estar com paisagens sensacionais a disposição, podendo passar horas contemplando o céu e o mundo de um andar mais acima, é nessas horas de, digamos assim, isolamento, que acabo olhando mais para dentro de mim, e tenho me sentido muito completo nessas horas. E aprendi a contemplar essa certa solidão! Esse processo de auto reflexão! 

   E com isso fui enxergando que o que os outros pensam, seja positivo ou negativo, sobre nós, não deixa de ser importante (principalmente quando vem de amigos, ou mais ainda, da nossa família), mas é apenas a opinião deles. Como disse, dependendo de quem vem, podem ser importantes, mas cabe a nós decidirmos se daremos atenção ou não, por que a principal opinião sobre nós mesmos é a nossa, é o nosso ponto de vista, a nossa sensação de que o que fazemos nos completa, é a nossa certeza (ou dúvida) que precisa ser atendida. Enquanto buscava atender a necessidade dos outros não me completei, quando passei a entender as minhas necessidades, e buscar me atender, me sinto completo e realizado (o que não quer dizer que não tenha sonhos e ambições).

   Mas aí vem aquela pergunta "O que te motiva Henrique?": acho que essa é uma pergunta de respostas voláteis, que irão mudar conforme mudamos; e estamos em constante mudança, uma vez que a cada experiência aprendemos mais, e alteramos nossos objetivos e crenças. Mas acho que a vontade/necessidade de auto conhecimento é quase constante. E hoje, é isso que mais me motiva, quero me conhecer, quero saber como ser melhor, não melhor do que qualquer outro, mas melhor que eu mesmo, o eu de amanhã, melhor que o eu de hoje, e assim por diante; e isso só será possível se for capaz de me desafiar, me colocar em situações novas e desafiadoras, que me levem ao extremo de minhas condições físicas e/ou psicológicas, para saber como reajo quando me coloco VERSUS EU MESMO.

Travessia Serra Fina, 2016 - Pico dos Três Estados

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