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Huayna Potosí+Sajama: Dia 8

Summit Day


"Dois dias após a empreitada final, já estou no avião de volta ao Brasil.     Na terça-feira acordamos à meia noite, tomamos café, preparamos a mochila com água e tudo que precisaria ser levado, e às 2h da manhã iniciamos o ataque ao cume.     Primeira parte em terra e pedras, evoluímos rápido, paramos para colocar crampos, e a parte seguinte era a canaleta, trecho de aproximadamente 80m, de inclinação acentuada, superior a 60 graus, em que qualquer queda, apesar de encordados, significaria um grande risco. Após isto tínhamos pela frente um trecho longo de penitentes, terreno difícil de caminhar, e outro, ainda mais longo, de glaciar.


Primeiras horas de ataque ao cume, início dos penitentes

    Após a canaleta era difícil perceber evolução, parecia que estávamos sempre mais longe do objetivo. Somado a isso, fazia muito frio, com sensação térmica piorada pelo vento. Muitas vezes achei que meu pé congelaria, movia os dedos com dificuldade. Para as mãos as luvas impermeáveis, que normalmente são suficientes nestas altitudes, não deram conta, e precisei apelar para os 'mittons' (luva pinguim).


Primeiros raios de sol no horizonte, enquanto do outro lado a lua cheia ainda se impunha

    Pelas 6h amanheceu e pelas 7h os primeiros raios de sol chegaram até nós. O nascer do sol foi um espetáculo à parte, mas o que mais esperávamos do sol, que era o calor e o aquecimento, não ocorreu, estava tão frio o vento que não houve efeito, e segui com os pés gelados.


Sérgio e família Neves atravessando o glaciar, em busca do sol, com a sombra do Sajama ao fundo

Amanheceu, mas ainda fazia muito frio!

O glaciar após os penitentes foi muito exaustivo, quando chegávamos perto do que achávamos ser o cume, a montanha mostrava-se ainda maior. Aproximadamente a 50m do cume, já exausto, me sentei e resignei com a necessidade de voltar por não me sentir com forças para continuar e retornar em segurança. Vi meus companheiros e o outro guia passsarem por mim. Fiquei ali parado, pensando, refletindo, chorando, e decidi que, estando tão perto, não iria desistir, mas que deveria ser rápido, para não sucumbir ao cansaço. E assim fiz, comecei a caminhar com todas minhas forças, de repente estava forte e rápido, passei a outra 'equipe', já era perto das 10h.     Mas não foi 'de graça'.


Cume do Sajama, a 6.542 msnm, quase um campo de futebol de tão grande!

  Mais 3h de subida após nascer o sol, sem qualquer trecho plano para 'descansar', chegamos ao cume da maior montanha da Bolívia, o Sajama, com seus 6.542 msnm (metros sobre o nível do mar). Paisagem maravilhosa, foi muito gratificante chegar ao cume de uma montanha tão difícil.     Aí ficamos por, no máximo, meia hora. Estava muito frio para ficar mais. Subida prevista para durar entre 6 e 7h, levamos 8h, sem problemas.


Comemorando, quem sabe a montanha mais difícil que já escalei

    Agora tínhamos que descer. Levamos aproximadamente 5h para chegar ao acampamento alto, onde descansamos, comemos, arrumamos acampamento e então seguimos descendo. Chegamos ao acampamento base pelas 20h, onde paramos rapidamente para beber água e seguimos caminho, pois havíamos decidido retornar direto ao vilarejo e não fazer o acampamento base, que normalmente é feito no retorno.     Todos no cume, todos em regresso tranquilo, expedição um sucesso!!


No retorno, despedida àquela que nos abrigou nos últimos 3 dias

Fim da tarde, sol já se punha e dava mais um show

    Ontem voltamos para La Paz, onde descansamos e arrumamos malas para a viagem de volta.     É interessante analisar os fatos agora, perceber o quanto era difícil o desafio a que nos propomos. Entendo que os objetivos da viagem foram cumpridos. Consegui me sentir na montanha. Estou forte, com boa técnica. preciso treinar longas horas de exercício e estar em terreno montanhoso o máximo possível.      Saio extremamente satisfeito, agora é focar 100% na preparação para o EVEREST2018!!" La Paz/Bolívia, 10 de agosto de 2017

Despedida do Sajama, quem sabe apenas um até logo!

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