Huayna Potosí+Sajama: Dias 4 e 5
Atualizado: 30 de jul. de 2018
Refúgio Alto e Ataque ao Cume
"Ontem acabei não escrevendo, dormimos no refúgio alto e não consegui me concentrar. Acordamos na mesma hora de sempre, e a atividade do dia foi a subida ao refúgio alto. Subi tranquilo e cheguei muito bem até lá. Após o almoço dei uma breve descansada, e após isso passei a sentir a barriga inchada. Tentei ir ao banheiro, mas acho que eram apenas gases, apesar de não passar. Devido a isso, também tive dificuldade em dormir.


Além disso, fomos deitar cedo (19h), pois acordaríamos cedo para atacar o cume. Conforme planejado levantamos às 0h, para sairmos às 2h. Já me sentia bem melhor. Iniciamos a caminhada pelas 2:30h. Me senti bem, muito bem, até aproximadamente metade do caminho, pelas 6h. Conversava e brincava com todos, além de tentar incentivar meu companheiro de cordada, que estava em sua primeira experiência em alta montanha. Pouco antes da metade do caminho ele desistiu, retornou com nosso guia ao refúgio e eu me juntei a outra cordada de nosso grupo, junto às mesmas pessoas com quem irei ao Sajama.


Havia começado o dia de cume com uma jaqueta mais leve, depois, perto das 4h, esfriou e coloquei a pluma de ganso. Após metade do caminho começou a nascer o sol e esquentou. Vantagem que meu pé, com isso, deixou de estar gelado como estava até então. Porém, o sol aumentou muito a sensação térmica, e cansei muito, diminuindo muito nosso ritmo. Várias pessoas passaram por nós já retornando do cume. Apesar dessa diminuída de ritmo, perto das 9h chegamos ao cume do Huayna Potosí. Por estar com pouca neve estava bem diferente da outra vez. Chegando tarde tivemos o cume só para nós, e ficamos por lá perto de 1:30h, mais ou menos.



Próximo das 10:30h iniciamos a descida, que devido ao calor foi extremamente desgastante. Levamos em torno de 3h para chegar ao refúgio alto, onde cheguei completamente exausto. Admito que achei que acharia mais fácil essa escalada. Pelo contrário, por alguns momentos, durante a descida, de tão cansado, cheguei a pensar em desistir da investida ao Sajama. No refúgio comi uma sopa e em seguida descemos ao refúgio baixo, de onde seguimos à La Paz. Agora é descansar que amanhã seguimos ao Sajama." La Paz/Bolívia, 4 de agosto de 2017

Sou obrigado a dizer que o Huayna Potosí me surpreendeu. Da primeira vez ela não foi uma montanha que possa chamar de fácil, mas dessa vez, como seria minha montanha de aclimatação, achei que seria mais tranquila, o que definitivamente não foi. Estive tentando entender os motivos de tanta dificuldade, mas com certeza foram em relação ao desgaste físico. Olhando hoje, acho que pode ter sido pelo desgaste da viagem de 3 dias de carro, sozinho, nos dias que antecederam a expedição, assim como o mal estar sentido no refúgio alto. Independente, serviram de lição para não subestimar qualquer montanha, já a tendo escalado ou não.


Como disse, por diversos momentos pensei em interromper a expedição ao final dessa primeira escalada. Mas ao chegar ao hotel descansei e me convenci que não seria uma boa. Acho que seria mais difícil lidar com a sensação de fracasso ao não tentar do que propriamente escalar.
Terminamos a primeira etapa da expedição com sucesso, com dificuldade, mas com sucesso. agora é que o bixo pega, já que nos propusemos a subir a montanha mais alta da Bolívia!!